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IRMÃ LAU, VÍTIMA DO ESTADO OMISSO


Hoje nos despedimos com um até breve a nossa irmã e ouvinte da Rádio Mundial, Laureni Cabral. Momento triste, não só por sua partida e sim pelas circunstâncias. Obviamente há o nosso ponto de vista e também a vista do ponto. Indubitavelmente, Deus sempre tem a última palavra. Mas a Irmã Lau, era uma mulher que iluminou o caminho de muitos com sabedoria. Era uma pessoa fácil  gostar de conversar, junto ao seu esposo. Só que em menos de um mês, perdemos os dois e, da vista do ponto, o céu ganhou os dois.

Cheguei a insistir ao máximo para ela ser professora da classe na EBD quando ainda dirigia e, trabalhar na ministração de Missões com minha Mãe. Afinal, excelente quadro, dom, sabedoria , capacidade, conhecimento, empatia, sobrava-lhe. Ainda consegui tal proeza.

Ela iluminou o caminho de muitos com sabedoria, graça, empatia, fé e autêntica teologia por formação. De alma profunda, falar sensato, riso sincero, era psicóloga de vocação e coração aberto sem mídia. Sabia diferenciar o ouvir do escutar; quanto o tempo de  calar, falar e agir. Esposa, Nora, Mãe, Vó, Amiga, tinha a marca também de gostar de rir. 

Só que nos últimos dias, mesmo diante da dor, da perda irreparável de seu companheiro de vida, seguiu firme, sustentando-se na esperança que só os grandes corações conhecem e a graça de Jesus concede.

No entanto,  a mesma força que a manteve de pé, infelizmente não foi suficiente para protegê-la de algo que jamais deveria acontecer: a negligência estatal. Foi vítima  de um sistema que falhou em quase todos os níveis. Principalmente, na média e  alta complexidade. Desde o Governo do Estado de Pernambuco até o Ministério da Saúde, faltaram-lhe com a devolutiva de seus impostos, além de cuidado, escuta, humanidade, dignidade, celeridade  e resolutividade.

Para se ter uma ideia: o Estado de Pernambuco na sua área pertinente, foi omisso, negando-lhe tratamento via medicação específica, desde Dezembro/24. O hospital da PM, uma notável  lástima. Assim a  família judicializou o caso e foi parar com decisão favorável na Vara Federal. Daí o engessamento de sair da Vara da Justiça para chegar com celeridade na Advocacia Geral da União e tramitar até o Ministério da Saúde e desfecho final  é absurdo. Para daí, haver citação, tramitação, ainda recorrer e/ou  liberar a medicação. Neste interim, nem Município ou Estado entram no caso. Exceto, se for para cobrar impostos. Daí o caso da nossa irmã agravou-se junto a falta de empatia e chegou-se no desfecho fatal. Foi devido a tamanha  burocracia que entra em cena o plano "B"  com a vaquinha eletrônica.

A burocracia engessada da União, Legislação omissa Municipal e o descalabro do Estado com lentidão e descaso que habita nos corredores públicos. Escreveram os capítulos finais da trajetória de uma vida, aumentando o sofrimento de uma família devastada pelas mortes dos pais, no intervalo em menos de um mês.

A Igreja como corpo, fez parte da sua obrigação. Já  a Congregação como sempre, segue contrariando a Escritura, na omissão e optando pelos celeiros, seguindo firme no fé sem obras. O máximo pelo mais alto serve para investir no que vai ficar. Nunca ou quase, em parte do corpo que forma a igreja. Isto também não pode ser omitido.

Assim a dor, tem certificação, resignação com boa dose de indignação. Afinal, quem tanto ofereceu a vida, merecia mais, muito mais que o quase abandono. Todos impostos caros, pagos, tendo tolhido seu direito principal, a vida. Que a sua partida sirva como grito por mudanças. que a sua memória inspire luta por justiça, dignidade e por um sistema que honre vidas , ao invés de ceifá-las.

Chega da omissão na saúde, direito básico garantido pela Constituição, em vez de ser tratada com descaso por parte do Estado. Essa negligência não é apenas uma falha administrativa — é uma tragédia cotidiana que mata silenciosamente. Hoje estamos diante da cena da irmã Lau. E, bem antes e, amanhã? Trabalhadores adoecem por falta de atendimento adequado, por jornadas exaustivas, salários precários, sem acompanhamento médico, e por viverem em condições sem políticas públicas eficazes de prevenção e tratamento. Quando procuram ajuda, enfrentam filas intermináveis, hospitais sem estrutura e ausência de profissionais. Com impostos sendo descontados.

Essa omissão cobra um preço alto. Pais e mães de família perdem a vida por doenças evitáveis ou tratáveis. Filhos crescem sem os pais. Lares são desfeitos não por escolha, mas por abandono estatal. O trabalhador, que move a economia do país, é deixado à própria sorte quando mais precisa. E o luto se instala em muitas casas, onde antes havia esperança e vida. Filhos que viram o pai  trabalhando honestamente, desgastando-se pelo Estado, a colheita foi  na aposentadoria negligência e, para a mãe, falta de assistência. Esta é a verdade vergonhosa por trás da mídia do pseudo melhor governo da capital e do Estado de Pernambuco, cujas denominações apoiam. Quem vive e precisa do acolhimento, sabe da verdade.

Mas o impacto não é apenas físico. É também psicológico, social e econômico. Famílias entram em colapso diante da perda de seu provedor ou cuidador, enfrentando o sofrimento da ausência e a insegurança do futuro. O caos se espalha, e o Estado, ausente, segue indiferente à dor que ele mesmo alimenta com sua omissão.

Negligenciar a saúde pública é escolher quem vive e quem morre. É perpetuar um ciclo de desigualdade, sofrimento e morte. E enquanto o Estado não assumir sua responsabilidade, os trabalhadores e dependentes  continuarão pagando com suas vidas por aquilo que deveria ser garantido a todos: o direito de viver com dignidade.

Irmã Laureni seguirá viva na força do legado, ternura da presença e no compromisso que agora cabe: o de não deixar que outras histórias acabem assim.

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